Entrevista com Dione Brito, Miss Mundo Brasil 1959
O período mais
glamoroso dos concursos de beleza no Brasil foi entre os anos 50 e70. Como foi
ser miss nessa época? Fora os títulos de Miss Caruaru 1959, Miss Pernambuco 1959,
e Miss Mundo Brasil 1959, o que você leva até hoje de mais importante dos
concursos que você participou?
Ser Miss naquela época foi muito diferente dos concursos
atuais. Não havia cirurgias plásticas como preparação para o concurso, havia
sim uma observação constante e discreta dos componentes do júri que era secreto
até a hora do concurso, as medidas eram tiradas em uma academia por
senhoras que não revelavam quais eram
elas, treinos de passarela, jantares e chás para serem observados
o comportamento e o traquejo
social, etc. Os concursos eram organizados somente direcionados para a escolha da mais bela brasileira.
Para mim nada foi mais importante do que representar a minha
cidade, o meu estado e o meu país. Tenho muito orgulho e sinto-me muito honrada
por ter representado o nosso Brasil.

Não foi um apelido, foi uma forma de dizer que eu era uma
jovem vinda de uma cidade pequena e sem nenhuma vivencia e muito ingênua.
Quem estava presente
no Miss Brasil 1959, afirma que quando foi anunciado o resultado final, um coro de milhares de
vozes descontentes ecoou pelo Maracananzinho. Como foi, lidar com esse
favoritismo, que acabou se tornando um carinho?
O que aconteceu no Maracananzinho naquela noite, jamais será
esquecido por mim. Já nos primeiros dias que eu apareci no Rio, eu passei a
receber muito carinho e um tratamento especial dos cariocas e aonde eu fosse
havia gente pedindo autógrafos e fazendo perguntas pessoais. No dia do concurso
não foi diferente e até parecia que eu era a candidata da cidade. Foi incrível
e eu me senti andando nas nuvens enquanto desfilava…

Não foi difícil me preparar para um novo concurso, pois eu
tinha tido aulas na Socila de desfile e também ajuda de como fazer minha
maquiagem, etc. E também eu tinha uma equipe maravilhosa cuidando de mim às 24
horas do dia.
Foram muitas as cenas
intensas e muito emocionantes, e seria impossível descrever todas elas.

Essa é uma resposta que ninguém poderia lhe responder. Não
há resposta para as escolhas de concursos de Miss. Eu inclusive fiz ensaio com
cetro e coroa na véspera do concurso e fiquei muito entusiasmada, mas…
Após ir morar em São
Paulo, você fez diversas campanhas publicitárias, como Lever e do Omo, se
firmando, portanto como uma grande modelo fotográfica. Quais foram os lados positivos
e negativos de todo esse sucesso?
Eu fiz muitos filmes de propaganda para a TV, fotografias e
desfiles de moda até me casar quando encerrei minha carreira. De tudo isso, nunca
houve lado negativo, porque foi uma época muito boa e um trabalho que eu amava demais.

Não existe perfil definido para miss e sim personalidade. Uma
miss precisa ter acima de tudo classe, boas maneiras e depois, vem o gabarito
beleza e cultura. Hoje é muito importante falar inglês,mais do que antigamente,
pois é necessário haver uma comunicação e desenvoltura da candidata, e se ela não
pode falar, não tem muita chance…
Eu estou há muito tempo afastada dos concurso por não haver
aqui (Alemanha) cobertura dos concursos, infelizmente,mas bem que eu gostaria
de continuar “por dentro”.
Não haverá paz ao seu
redor, se não houver paz em seu espírito. Uma de suas frases preferidas. Que
mensagem você deixaria para os seus fãs e para as meninas que sonham ser miss?
Para os meus fãs, eu só posso deixar os meus agradecimentos
pelos anos e anos de fidelidade e de carinho. Para as futuras candidatas, a resposta
a mesma do que acho ser um necessário em uma miss: “não existe perfil definido
para miss e sim personalidade. Uma miss precisa ter acima de tudo classe, boas
maneiras e depois, vem o gabarito beleza e cultura”.